Por Elizeu Tomasi
Vivemos
hoje em uma sociedade amplamente tecnicista, onde o que realmente importa é
aquilo que tem uma “utilidade” majoritariamente reconhecida. Nesse sentido,
considera-se que somente é pertinente estudar aquilo que traga benefícios
materiais para a sociedade. Assim, a literatura tem um espaço periférico dentro
da escola, uma vez que, na maioria das vezes ela é vista como algo sem
significado direto na obtenção de conhecimento. E em virtude dessa posição
desprestigiada professores e alunos realmente têm uma concepção redutora da
literatura.
Muitas vezes a finalidade da
literatura dentro da escola é de introduzir uma temática, é o chamariz para
algo a ser trabalhado por outras ciências. Essa condição reduz a literatura à
condição de uma disciplina dependente de outras: língua portuguesa, sociologia,
filosofia, arte... Até mesmo dentro da disciplina de Língua Portuguesa a
literatura é marginalizada. Não raras as vezes a abordagem do texto literário
se restringe ao “pretexto” para a analise linguística, para interpretação e
para a produção de texto onde pouco é
explorado como objeto artístico que reflete e ao mesmo tempo influencia a
sociedade que o compôs.
Mas talvez seja nas aulas de Língua
Portuguesa e Literatura do Ensino Médio onde fica mais evidente a concepção
redutora da Literatura. Baseando-se muitas vezes exclusivamente no livro
didático, o professor detém-se a historiografia literária deixando de lado o
texto e a leitura como objeto da literatura. Na maioria das vezes as obras
literárias são simplesmente citadas nas aulas de literatura que se resumem a
descrição do contexto histórico cultural e das características de uma escola
literárias sem de fato levar os alunos a compreendê-los a partir da leitura das
obras.
Ainda falando do desmerecimento dado
a Literatura na escola, os livro didáticos e muitos professores, reduzem a
literatura aos clássicos desfazendo certos gêneros, certos autores e livros que
são amplamente lidos pelos alunos. Como se pelo simples fato do autor X não ser
mencionado no livro didático, o mesmo não fosse digno de ser lido pelo aluno. E
dessa forma consciente ou inconscientemente o professor perpetua uma ideia
errônea da literatura onde as únicas obras que prestam - e por assim ser são as
que realmente são dignas de serem consideradas pertencentes à literatura - são os clássicos que por apresentam uma
linguagem difícil e inacessível ao aluno que passa então a ter horror a
literatura.
Refletindo essa visão redutora da
literatura na escola, as aulas de Literatura baseada nos livros didáticos se
resumem a uma “replicação” de teorias criticas a cerca da literatura deixando
de lado o que de fato seria importante: o objeto da literatura – as obras
literárias. A partir de fragmentos, escolhidos pelo autor do livro, sem levar
em conta o aluno e sua realidade, como leitor em formação, o professor repassa
aos alunos a análise que o autor tem desses fragmentos. Essa relação acaba por
afastar o aluno da leitura literária, uma vez que o mesmo lê/estuda teorias
sobre a obra literária e não a obra em si, o que levaria a construir juntamente
com o professor suas próprias teorias e analises a cerca da obra lida.
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