sábado, 9 de novembro de 2013

LITERATURA (EN) SINA


Por Elizeu Tomasi

             Vivemos hoje em uma sociedade amplamente tecnicista, onde o que realmente importa é aquilo que tem uma “utilidade” majoritariamente reconhecida. Nesse sentido, considera-se que somente é pertinente estudar aquilo que traga benefícios materiais para a sociedade. Assim, a literatura tem um espaço periférico dentro da escola, uma vez que, na maioria das vezes ela é vista como algo sem significado direto na obtenção de conhecimento. E em virtude dessa posição desprestigiada professores e alunos realmente têm uma concepção redutora da literatura.
            Muitas vezes a finalidade da literatura dentro da escola é de introduzir uma temática, é o chamariz para algo a ser trabalhado por outras ciências. Essa condição reduz a literatura à condição de uma disciplina dependente de outras: língua portuguesa, sociologia, filosofia, arte... Até mesmo dentro da disciplina de Língua Portuguesa a literatura é marginalizada. Não raras as vezes a abordagem do texto literário se restringe ao “pretexto” para a analise linguística, para interpretação e para a produção  de texto onde pouco é explorado como objeto artístico que reflete e ao mesmo tempo influencia a sociedade que o compôs.
            Mas talvez seja nas aulas de Língua Portuguesa e Literatura do Ensino Médio onde fica mais evidente a concepção redutora da Literatura. Baseando-se muitas vezes exclusivamente no livro didático, o professor detém-se a historiografia literária deixando de lado o texto e a leitura como objeto da literatura. Na maioria das vezes as obras literárias são simplesmente citadas nas aulas de literatura que se resumem a descrição do contexto histórico cultural e das características de uma escola literárias sem de fato levar os alunos a compreendê-los a partir da leitura das obras.
            Ainda falando do desmerecimento dado a Literatura na escola, os livro didáticos e muitos professores, reduzem a literatura aos clássicos desfazendo certos gêneros, certos autores e livros que são amplamente lidos pelos alunos. Como se pelo simples fato do autor X não ser mencionado no livro didático, o mesmo não fosse digno de ser lido pelo aluno. E dessa forma consciente ou inconscientemente o professor perpetua uma ideia errônea da literatura onde as únicas obras que prestam - e por assim ser são as que realmente são dignas de serem consideradas pertencentes à literatura -  são os clássicos que por apresentam uma linguagem difícil e inacessível ao aluno que passa então a ter horror a literatura.

            Refletindo essa visão redutora da literatura na escola, as aulas de Literatura baseada nos livros didáticos se resumem a uma “replicação” de teorias criticas a cerca da literatura deixando de lado o que de fato seria importante: o objeto da literatura – as obras literárias. A partir de fragmentos, escolhidos pelo autor do livro, sem levar em conta o aluno e sua realidade, como leitor em formação, o professor repassa aos alunos a análise que o autor tem desses fragmentos. Essa relação acaba por afastar o aluno da leitura literária, uma vez que o mesmo lê/estuda teorias sobre a obra literária e não a obra em si, o que levaria a construir juntamente com o professor suas próprias teorias e analises a cerca da obra lida.

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