GREVE É LEGAL?

     

    “Greve é Legal,” diz a Constituição e é esse, o discurso dos professores grevistas. Nós professores merecemos um salário melhor, condições de trabalho e uma atenção maior do governo (e da sociedade)? Sim! Ninguém discorda disso! Mas também, é direito de todo o cidadão ter suas próprias opiniões e tomar suas posições.  Se uma parcela do magistério (mesmo que pequena) opta por não paralisar suas atividades deve ser respeitada, assim como os que optaram pela greve também devem (e estão sendo) ser respeitados.

       Nós, professores que não aderimos à greve, concordamos sim com as reivindicações dos demais professores, pois são  reivindicações justas, mas os métodos utilizados são ultrapassados e utópicos. Remetem às antigas ideologias esquerdistas com uma única finalidade: fazer oposição política. Paralisar as aulas da rede pública de ensino não favorece ( nem nunca favorecerá) a classe do magistério, pelo contrário, denigre a imagem de professores cuja função, entre outras, é a de formar cidadãos.  Não somos coniventes com a paralisação das aulas, pois acreditamos que governo nenhum irá ceder a esse tipo de chantagem emocional através do cancelamento de aulas. Com essa atitude, ninguém sai ganhando e a sociedade (nossos alunos) completamente prejudicada.

        Não podemos ser hipócritas! São os alunos que perderam quinze minutos de aula durante uma semana e são eles que estão sem aula agora. Reposição em sábado ou no recesso, é fato que não tem o mesmo rendimento que aquela aula dada em seu horário normal o que é direito dos alunos e dever dos professores. Já tivemos a prova da ineficácia da reposição nos sábados, no último sábado (14), quando foram repostas as aulas da quarta (11) e tivemos uma baixíssima frequência. Os professores irão sim repor seus horários, e a aprendizagem dos alunos, não conta? Temos alunos em período pré-vestibular que estão sem aula porque seus professores estão exigindo seus direitos. E os direitos desses jovens?

         Ninguém está contra os professores paralisados, só estamos exercendo o nosso direito e dever de dar nossas aulas, pois bem ou mal é para isso que somos pagos e entramos no magistério. Não somos “miseráveis” nem temos o “nome sujo”, como alguns colegas professores mencionaram. Simplesmente estamos sendo fiéis à missão que abraçamos: ensinar, formar cidadãos respeitosos que saibam exigir seus direitos sem impedir que outros exerçam os seus. Temos a consciência, de que quanto mais alunos fora da sala de aula, maior o número de crimes na rua. Quanto maior o número de crimes, maior o investimento em segurança. Quanto maior o investimento em segurança, menor o investimento em educação

         É por isso, que estamos sim em sala de aula, e diferente do que disseram alguns colegas professores na rádio, estamos dando nossas aulas de forma ética e comprometida como sempre o fizemos. Claro, que devido a informações distorcidas e apelos desesperados feitos na mídia, temos enfrentado dificuldades; o que de forma alguma signifique que estamos “mascarando ou maquiando nossas aulas”. Estamos bravamente lutando para que essa falta de consciência e responsabilidade social, tanto do governo como de alguns colegas professores, prejudique o mínimo possível nossos alunos. Acreditamos que a greve não contribui para melhoria da educação, muito menos para a melhoria de nossos salários. E exigimos dos demais professores e da comunidade em geral respeito a essa nossa posição, que assim como a greve também é legal e louvável.

Professor Elizeu Domingos Tomasi em nome dos professores da EEB Irmã Irene  que não aderiram à greve dos professores