terça-feira, 31 de agosto de 2010

TEATRO RAIZES CECILIENSES (Adaptação feita por mim do livro Raízes Cecilienses José Eli Goetten)

O palco está vazio apenas a moldura do quadro entra o primeiro habitante Adão Goetten com sua esposa. Ele está casado reflete junto com sua esposa Ana Barbara Ruth sobre as condições da terra onde estão prestes a fixar residencia.
ANA BÁRBARA RUTH: decepcionada com o marido. Adão para onde você nos trouxe homem! É aqui que pretende morar? Nada que plantemos neste chão dará. Nem estradas, tem nesse sertão homem!
ADÃO GOETTEN: compreendendo o desespero da mulher e tentando esperançá-la Ana, chegamos até aqui, foi muito chão. Não podemos voltar agora. Passaremos sim por privações, mas seremos fortes, colocaremos as mãos no trabalho, lançaremos a semente do futuro, nesta terra ainda virgem e em breve com a força da família que formaremos colheremos bem mais que alimentos e construiremos bem mais que uma casa... Inicia o um fundo musical. Entram os filhos de Adão e Ana: Mathias Goetten, José, Francisco, Maria, Mathias Adão, Ana, João, Pedro, Nicolau e Miguel. Todos tendo em mãos suas ferramentas e com elas trabalham na terra. O casal abraçam-se e olham esperançosamente para o horizonte esperando o futuro. Após alguns instantes o fundo musical é interrompido por um trope de cavalos. A família se junta em um lado do palco e entram em cena os tropeiros. Os tropeiros encilham seus cavalos no centro do palco cumprimentam-se Adão Goetten e o chefe da comitiva Emil Odebrecht.
EMIL ODEBRECHT: Velho Adão Goetten, como está bem instalado por estas paragens meu estimado amigo.
ADÃO GOETTEN: foi duro meu amigo, mas com muito trabalho conseguimos fazer esta terra produzir. Pernoite conosco amigo Emil, tomemos um gole de água-ardente e escutemos uma moda de viola. Baixa a luz. Todos se reúnem em uma roda no centro do palco. Nela, água-ardente, chimarrão. Os músicos tocam “Luar do Sertão” e são acompanhados por toda a roda. Todos adormecem. Adão e família saem, vão para trás do quadro. Apaga-se a luz por alguns instantes. Quando acende-se a luz novamente os tropeiros acordam encilham seus cavalos. Adão vem se despedir no centro do palco conversam Adam e Emil.
EMIL ODEBRECHT: bom dia amigo! Estamos de partida. Queremos agradecer pelas hospedagem amigo.
ADÃO GOETTEN: não é de nada, é para isso servem os amigos. Lembranças para a família!
EMIL ODEBRECHT: iniciam os tropes dos cavalos e a retirada das tropas serão entregues velho Adão. Passar bem! Temos um longo caminho até as paragens de São Paulo. Ao som do trope dos cavalos os tropeiros saem. No centro do palco fica o Adão Goetten, o trope dos cavalos vão desaparecendo entra a sua família. Ana vai para junto de Adão.
ADÃO GOETTEN: filhos, esta noite junto com sua mãe decidimos que partiremos para Curitibanos. Dividirei nossas terras entre você Mathias e seus irmãos mais velhos para que dê continuidade ao cultivo dessa terra.
MATHIAS GOETTEN: meu pai com o senhor abracei a missão de desbravar estas matas e agora pelo senhor e por sua coragem assumo o compromisso de levar o seu sonho a diante e lutar pelo progresso dessa terra regada com o suor de nossa família. Mathias se despede dos pais e dos irmãos que vão se retirando. A luz vai baixando lentamente até apagar-se totalmente.

OFF: O certo é que Mathias Goetten torna-se um hábil comerciante adquirindo animais e empreitando o deslocamento de tropas de gados e varas de porcos levando-os para o estado de são Paulo. Enquanto isso na região do Corisco iam surgindo novos moradores, novas famílias, os personagens vão formando o quadro ao fundo do palco e luz vai subindo que vão casando seus filhos entre os vizinhos e assim o povoado vai crescendo. Quando a luz se acende completamente o quando deve estar concluído. Mathias Goetten se junta aos demais no quadro. é, nosso povo sempre foi um povo de muita fé e se aproveitando disso, por varias vezes os monges figuras proféticas da época passaram por aqui, enfervecendo ainda mais a fé do povo. (fundo musical. Entra o monge e seus seguidores)
MONGE: os seguidores sentam de costas para o publico a ouvir as profecias do monge. Tempos virão... que em lugar do boi puxar o carro, o carro puxará o boi! Irmãos, não queiram estar aqui quando isto acontecer, pois gafanhotos de dentes de aço, vão devorar esta nossa floresta... a começar pelo nosso pinheiro. Há de chegar um tempo em que os homens vestirão roupas com características femininas e usarão adornos, se portando como mulheres... e eis que uma doença assolará a humanidade, e muitos anos passarão até que possa ter cura eu digo isso porque me foi revelado...Armai-vos e lutai contra a mão destruidora do homem, lutai exercito de São Sebastião, não deixai que o mal nos vença e nos destrua!(os seguidores se agitam E irmãos, se pelas mãos dos homens eu morrer, abrandai seus corações pois em poucos dias ressuscitarei... O monge levanta e inicia sua retirada entoando preces com seus seguidores. Fundo musical. Entra o Francisco Alonso ordenado ao publico.

FRANCISCO ALONSO: Eu vos dou ordem e Deus e São João Maria lhe dará o poder; e força para ir com um piquete de 15 home em casa do João Goetten. Se houver peludo terão de brigar e esbodegar com tudo os peludos e resgatar, uns preso que tem lá e esta hora será de madrugada, entrarão nas trincheiras sem dar tiro, só a facão e depois disso feito, terá o direito de lançar a mão no que for dos peludos, só menos em dinheiro, isso sim não; e respeitar muito as famílias e não injuriar e terão o direito de dar as voltas que for necessário; e enconvidar os que for do acampamento para virem com o que puderem trazer, e o que for peludo, terão de matar sem perdão, só não prenderem e as casa dos peludos terá o direito de queimar, só deixando a casa onde acomode as famílias, e os homens que for Goetten é para ir de cepo aparado, menos mulher e criança.
Inicia a briga entre os homens de João Goetten
OFF: é povoado ia de vento em polpa, mas foi duramente castigado por ataques dos jagunços durante a campanha do Contestado, que destruíam tudo, e partiam, deixando a dor e o sangue derramado em nosso chão regado a suor...(inicia a dança do contestado ai encerrar o avião cruza o palco um dos integrantes da dança permanece morto no chão inicia o fundo musical, entra um sobrevivente do meio da plateia do ataque, vasculha os corpos e em um dos cadaveres encontra um bilhete.
OFF: O conflito durou cerca de quatro anos e castigou muito nossa região e os negócios do senhor João Goetten Sobrinho ou, como chamavam João Bravo, filho de Mathias Goetten, que herdara a coragem do avô Adão Goetten. Defendera seus negócios, que cresceram e prosperaram e logo ele acumulou uma considerável fortuna e temendo novos ataques juntou o que tinha em moedas de prata e enterrou no potreiro de sua casa. Entre João enterrando sua panela.
JOÃO: É aqui estará seguro se algum jagunço infeliz atacar novamente terei com o que recomeçar a vida. Inicia o fundo musical .
OFF: O fato é que ele nunca mais achou o lugar onde enterrara a sua pequena fortuna. E passou os últimos dias de sua vida com a pá nas costas a procurar. Sai com a pá nas costas para o outro lado. Musical E outras histórias contam nosso povo e a mais tradicional é a de um negrinho, filho de escravos e afilhado de Nossa Senhora que num certo dia faltando um dos animais que pastoreava, o o patrão o castigou com tamanha violência e com vida colocou o corpo do menino ainda com vida em um formigueiro. Logo em seguida a alma do negrinho vagava pelos pampas montado em um cavalo baio. Incia o fundo musical O Negrinho do Pastoreio sai do quadro e assume o centro do palco recita a poesia em homenagem ao Negrinho do Pastoreio.

NEGRINHO DO PASTOREIO: Muita coisa tem-se dito
Do Negrinho do Pastorejo
Mas o causo bem contado
Já faz tempo que não vejo:
Conto agora bem certinho
Se vancê me dé ensejo.
Essa estória vem de longe
Duma veia tradição
Diz que é fato de verdade
E de grande exatidão
Nóis, pequeno, ouvindo o causo,
Se benzia com devoção.
O Negrinho foi crescendo
Como um traste apinchado,
Sem te pai nem padrinho
Neste mundo desalmado,
Atirado pelo canto,
Um bichinho desprezado.
Ao chega lá no Curisco,
Na fazenda da Chapada,
Ouve farta de potrero
Pra dexá a tropa fechada,
O recurso foi faze
Uma ronda na invernada:
Era febre pro patrão
E trabaio aos camaradas.
Tudo ia correndo certo
Inté lá por umas tantas
Derepente o gado bufa,
Cheira o ar e se espanta,
Era bugre ou era tigre
Que andava atrás da janta.
Lindo som se ouve nas nuve,
E no céu se abriu um crarão,
Uma festa dos anjinhos
Que buscava outro irmão
Com a alma mais branquinha
Do que a neve do sertão.
Se tu hoje lá passa,
Ás de vê uma capelinha
Que o povo da vilinha
Tem mandado edifica
O pio tristonho das perdiz
Faz lembrar nosso Negrinho,
Que era sempre o primeiro
No rebenque a pinoteá,
Ele hoje é um anjinho,
Lá na nuve fez seu ninho,
E quando desce é pra ajudar
O negrinho vai para um canto do palco e se posiciona na mesma posição que estava no quadro anterior
OFF: E não só lendas interessantes cobrem esse povo, como esse povo também é interessante e algumas figuras curiosas formam esse povo valente e gentil. É fácil comentar os feitos de pessoas dotadas de inteligência fora do normal, pessoas que, por uma razão ou outra, estão na mídia.
Mas quando falamos de pessoas comuns, que às vezes, por um acontecimento muito forte, perdem a noção da realidade ou do ridículo, elas também viveram em nosso meio, fazendo parte da história, por isso deixaram marcas em nossa memória, pelos seus atos e maneira de ser. Um exemplo claro dessas figuras folclóricas é a senhora Ana Ribas ou melhor... Sai do quadro principal a boneca Cobiçada.
BONECA COBIÇADA: podem me chamar, sem rodeios, de Boneca Cobiçada! Na verdade não entendo muito o por que de me chamarem assim. Será devido esse meu humilde vestido de chita rodado? Ou será por causa do meu chapéu colorido com fitas? Sinceramente, eu não vejo o por que Boneca Cobiçada. Eu sou uma pessoa normal como qualquer outra mulher ceciliense. Eu não tenho culpa nenhuma do senhor ter me abençoado com um beleza incomum e o tempo não me deixar velha, como muitas mulheres que vejo por ai. Ah, eu gosto de me arrumar um pouquinho, umas correntes de ouro, brinco, anel, passar um pó de arroz no rosto, ficar um pouquinho mais bonita do que eu já sou, para ir curtir as tardes dançantes do clube Guarani. Essa sobrinha, serve para me defender de umas despeitadas que não entende, que o que é bonito é pra se mostrar. Eu sou a Boneca Cobiçada, homens, babem, mas respeitem.... A boneca Cobiçada se dirige para perto do Negrinho do Pastoreio, congela em uma pose chamativa formando o quadro.
OFF: A Boneca Cobiçada marcou nossa memória com seus 70 anos até que apareceu um suposto filho seu e a levou de Santa Cecília. É ao nascer viemos à terra com uma predestinação. Uns vêm e se dedicam a fazer o bem, outros trazem o espírito cheio de revoltas, não aceitando os conselhos e se realizando com as desgraças e insucessos de seus semelhantes. O caráter é predominante em cada um de nós, e, assim, tornamo-nos o que viemos destinados a ser, na terra. No caso do seu Manoel Granemann, suas estórias e contos são conhecidos em todo o município. Afinal quem nunca ouviu alguém mencionar cheio de dúvidas “e o Biléco junto!”Entra o Biléco contando um de seus causos para o público.
BILÉCO: é vejam só, outro dia chegou um camarada e me disse: “O Biléco, te dou R$ 10,00 para você invente uma de tuas mentiras agora!” Eu é claro respondi imediatamente: Não quero teu dinheiro, pois acabei de recusar R$ 20,00 pelo mesmo motivo a poucos minutos.” É comigo é assim na lata! E não me tire do sério pois oh... outro dia tentar atravessar a BR 116 eu quase fui atropelado por um caminhão de combustível e o motorista me xingou um monte. Ah, mas eu sai de mim, ninguém me xinga e sai assim como se nada tivesse acontecido. Olhei o caminhão seguindo e vi que pingava gasolina no asfalto peguei um fósforo e coloquei fogo onde pingava gasolina. Voltei para casa e ao ligar a rádio a noticia que um caminhão de gasolina havia explodido perto de Lages. Aprendeu a não xingar o Biléco. O Bileco se junta ao quadro com a Boneca Cobiçada e o Negrinho do Pastoreio.
OFF: Por estas e outras, que Manuel Granemann Neto, o Biléco tornou-se uma das mais queridas figuras folclóricas do nosso município. É em nossa cidade há muitas pessoas que estão sempre dispostas e prontas para servir. Elas se dispõem a visitar membros da comunidade, ajudar nos trabalhos sociais, nas programações de festas, nas celebrações eucarísticas, enfim, em diversos encontros e atividades. Trata-se de gente que tem desprendimento e assume sua missão com alegria e humildade. Dessa forma sente-se útil. Essas pessoas sentem-se amparadas pelo amor de Deus de forma concreta, pois recebem o estímulo e a vontade de ir ao encontro de quem precisa. Essas pessoas sempre estarão em nossa memória:(vai citando enquanto as pessoas vão entrando e formando o novo quadro Irmã Irene, irmã Franciscana da Sagrada família, professora do nosso primeiro prefeito Orestio José de Souza, as senhoras Maria Inacia, e Julia Gomes Klopass parteiras e benzedeiras e o padre Bernardo Canelle. É quantas pessoas de nossa sociedade foram atendidas por estes anjos de luz independente do horário fundo musical. É e os anos se passaram!E com a garra e a coragem de homens descendentes do primeiro desbravador de nossa Região o senhor Adão Goetten, o que antes não passava de um caminho de burros e tropas virou um povoado chamado de Povinho, que cresceu e tornou-se a cidade que temos hoje. Devemos muito a Rodolfo Goetten Entra Rodolfo Goetten
RODOLFO GOETTEN: sou filho de João Goetten Sobrinho eu represento a quarta geração de Adão Goetten . Aos dezoito anos servi ao exercito em Joinville e parti para o Rio de Janeiro onde iria embarcar para a Italia com os soldados brasileiros para combater na II Guerra Mundial, mas como já não tinha mais meu pai nem irmãos homens foi dispensado imediatamente para ficar com minha família. Casei-me com Iduílda Granemann e fomos uma das famílias fundadoras da Fábrica de Pasta Papel Frascal e aqui em Santa Cecília, fui considerado um dos pioneiros da criação de Bufalo. Junta-se aos outros no novo quadro.
OFF: É responsabilidade de cada um que se intitula ceciliense dar continuidade a essa história iniciada há muito tempo pelo bravo Adão Goetten. E a quinta geração desse desbravador, na pessoa do senhor José Eloi Goetten, bem como a sexta geração na pessoa de seus filhos têm cumprido com sua responsabilidade e estamos hoje reunidos aqui para prestigiar o resultado do trabalho de um filho desse solo. Entra o senhor José Eloi Goetten com seus filhos (em pessoas) para fazer uma declaração pessoal e receber os aplausos da plateia. Encerra-se com hino de Santa Cecília.



ELENCO:
Geanine 2.4 – ANA BARBARA RUTH
Osmar Chaves 3.1 – ADÃO GOETTEN e JOÃO GOETTEN SOBRINHO
André Zanine 1.3 – MATHIAS GOETTEN
Luiz 8.1 – MONGE
Esley Lucas Bueno 8.3 – FRANCISCO ALONSO
Jeferson 1.1 – NEGRINHO DO PASTOREIO
Jociane 3.1 – BONECA COBIÇADA
Nicolas 2.6 – BILECO
Diogo 1.3 – RODOLFO GOETTEN



APRESENTAÇÃO no lançamento do Livro Raízes Cecílienses 

dia 25 de setembro de 2010
na EEB Irmã Irene – Santa Cecília SC

Um comentário:

  1. Linda obra, poderia ter dado uma continuada, pois a filha de Adao Goetten a Sra Maria Goetten tambem casou, recebeu do pai suas terras,casou-se com Mathias Rauen filho de Felippe Rauen Patriarca dos Rauen no Brasil, Maria Goetten e Mathias Rauen tiveram uma filha chamada Irmilina rauen que nasceu em Santa Cecilia, mas faleceu em Papanduva, onde repousa no Jazigo perpetuo os corpos dos descendentes de Maria Goetten (Filha de Adao Goetten), e Mathias Rauen filho de (Felippe Rauen), a filha de Maria Goetten (Irmilina Rauen), teve 4 filhos,Maria Pureza Rauen (minha bisa), Elisia Rauen ... mais dois filhos que um se encontra sepultado com a mae, e outro como residia em Blumenau por nome (Manoel Rauen) sepultado la mesmo... Essa foi Maria Goetten, com amor de seu descendente.... Joelcio

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