quinta-feira, 2 de junho de 2011

Sou professor

Enfim saiu negociações entre governo e professores, o que poderá (se Deus  quiser - e Ele quer) atender pelo menos em partes as justas revindicações  dessa classe tão desvalorizada e assim colocar  um fim na polêmica  greve que afeta nossa sociedade há 16 dias.  

Sou um Professor...

Nasci no primeiro momento em que uma pergunta saltou da boca de uma criança.

Tenho sido muitas pessoas em muitos lugares.

Sou Sócrates, estimulando a juventude de Atenas para descobrir novas idéias usando perguntas.

Sou Anne Sullivan, tamborilando os segredos do universo sobre a mão estendida de Helen Keller.

Sou Esopo e Hans Christian Andersen, revelando a verdade por meio de muitas, muitas estórias.

Sou Darcy Ribeiro, construindo uma universidade a partir do nada no planalto brasileiro.

Sou Ayrton Senna, que transforma sua fama de herói esportista em recursos para educar crianças em seu país.


Sou Anísio Teixeira, na sua luta de democratização da
educação para que todas as crianças brasileiras
tenham acesso à escola.

Os nomes daqueles que exerceram minha profissão constituem uma galeria da fama da humanidade:
Buda, Paulo Freire, Confúcio, Montessori, Emilia Ferreiro, Moisés, Jesus.

Eu sou também aqueles nomes e rostos que já foram esquecidos, mas cujas lições e cujo caráter serão para sempre lembrados nas realizações dos que educaram.

Já chorei de alegria em casamentos de ex-alunos, ri de felicidade pelo nascimento de seus filhos e me quedei de cabeça baixa, em dor e confusão, junto a sepulturas cavadas cedo demais para corpos jovens demais.

No decorrer de um dia já fui chamado para ser artista, amigo, enfermeiro, médico, treinador; tive de encontrar objetos perdidos, emprestar dinheiro, fui motorista de táxi, psicólogo, substituto de pai e mãe, vendedor, político e guardião da fé.

Apesar de mapas, gráficos, fórmulas, verbos, histórias e livros, na verdade não tive nada a ensinar aos meus alunos porque o que eles de fato têm de aprender é quem eles são.

E eu sei que é preciso um mundo
para ensinar a uma pessoa quem ela é.

Eu sou um paradoxo.

Quanto mais escuto, mais alta se faz ouvir minha voz.

Quanto mais estou disposto a receber com simpatia o que vem de meus alunos, mais tenho para oferecer-lhes.

Riqueza material não faz parte dos meus objetivos, mas eu sou um caçador de tesouros, dedicado em tempo integral à procura de novas oportunidades para meus alunos usarem seus talentos e buscando sempre descobrir seu potencial,
às vezes enterrado sob o sentimento do fracasso.

Sou o mais afortunado dos trabalhadores.

Um médico pode trazer uma vida ao mundo num só momento mágico.

A mim é dado cuidar que a vida renasça a cada dia com novas perguntas, melhores idéias e amizades mais sólidas.

Um arquiteto sabe que, se construir com cuidado,
sua estrutura pode durar séculos.

Um professor sabe que, se construir com amor de verdade, sua obra com certeza durará para sempre.

Sou um guerreiro que luta todos os dias contra a pressão de colegas, a negatividade, o medo, o conformismo, o preconceito, a ignorância e a apatia.

Mas tenho grandes aliados: a inteligência,
a curiosidade, o apoio dos pais, a individualidade,
a criatividade, a fé, o amor e o riso.

Todos vêm reforçar minha trincheira.

E a quem devo agradecer pela vida maravilhosa que tenho senão a vocês, pais, que me honraram ao me confiar seus filhos, que são sua maior contribuição para a eternidade.

E assim tenho um passado rico em recordações.

Tenho um presente desafiador, cheio de aventuras e alegrias, porque me é dado passar todos os meus dias com o futuro.

Sou um Professor...

...e agradeço a Deus por isso

Todos os dias de minha vida...

3 comentários:

  1. É uma pena realmente que suas palavras não são condizem com sua prática. Tenho muito pesar em ter tido passado por sua formação e não ter contribuido para ter te tornadom um cidadão que não tem medo da luta, que quera melhorar sua sociedade e que use sua profissão como um instrumento de deflagração de dias melhores. É uma pena que você tenha abraçado o lado errado da causa e não tenha tido a coragem de se manifestar ao público de forma direta, que tenha preferido as páginas da internet para denegrir a imagem de quem de a cara a tapa para melhorar a sua situação. Eu pensava que nas minhas aulas eu tinha te deixado bem claro, que as grandes conquistas da humanidade se fizeram em cima de lutas e revoluções e que quase nunca, a forma convecional e diplomática resolve os problemas. Quando nos sentimos acorrentados, humilhados e injustiçado, temos que gritar,não podemos nos esconhder. A não conciste somente em ganhar, mas em ter tido a CORAGEM de ter TENDADO. Eu fiz isso, por mim, por meus colegas, por meus filhos e por VOCÊ.
    Que Deus te dê muitos anos de vida e que você persista nessa profissão, que segundo acima, é teu orgulho, para que você possa ver a transformação dessa sociedade e possa ver quem estava certo nesse contexto atual.

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  2. Prof Primeiramente quero deixar bem claro que minha atitude desde o inicio foi coerente. Eu sempre afirmei que era totalmente a favor das revindicações da classe, mas o que eu não concordava era que A MINHA PESSOA entrar em greve. Não tive medo de luta, pois essa não existiu, existiu sim justa revindicação a qual eu apoio em gênero número e grau. Não denegri nada e nem ninguém! ME mantive quieto até o momento em que foi dito na rádio que nós, que estávamos (por nossos objetivos pessoais)dando nossas aulas estávamos MASCARANDO/MAQUIANDO aulas, coisa que não era verdade, pois estávamos e estamos trabalhando com mesma dedicação de sempre. Eu aguentei calado ser chamado de MISERÁVEL dentro da escola (afinal eramos uma família), mas dizer na mídia que estava matando aula achei demais. Mais tarde, tive o constrangimento de ver professores (meus professores em quem sempre me espelhei) dizer para alunos na porta da escola que não haveria aula, usando da confiança que nossos alunos têm em nós, entregando uma "justificativa" dizendo que os professores que ERAM MAIS preocupados com a educação estavam em greve, o que para um bom entendedor ficou claro que diziam que os professores que estavam trabalhando não eram preocupados. NA mesma semana duas palavras bastante cruéis foi nos dirigida (de novo na mídia) BURRICE e MESQUINHEZ. E o que ainda é pior saber que eu estava sendo chamado de "DUAS CARAS" no comércio só por não aderir à greve. Prof lembro sim de suas lições que tanto contribuíram para a minha formação entre elas, lembro de ter me ensinado a não me deixar ofender e exigir respeito aos meus direitos e foi o que eu fiz professora em nenhum momento denegri nenhum professor, os quais eu muito respeito, muito menos a revindicação da nossa classe que precisa sim ser valorizada e vista com mais atenção. Meu erro talvez foi pensar nos alunos, fato que me fez ser hostilizado e mal compreendido. Espero do fundo meu coração tudo acabe bem (em todos os sentidos), afinal trabalhamos no mesmo local e com os mesmos objetivos: uma sociedade melhor e mais justa.

    Prof sinto muito por tal situação, pois compreendo que é bastante complicada para todos. Espero que um dia possa me compreender.

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