segunda-feira, 24 de outubro de 2016

PINUS: O PÃO NOSSO DE CADA DIA

O nosso município de Ponte Alta do Norte possui uma íntima relação com a madeira. O seu povoamento, por volta de 1924, se deu em virtude das terras baratas e com abundância de madeira que atraíram o interesse de inúmeros imigrantes. E nos dias atuais, a madeira continua sendo a principal matéria-prima do município, responsável pelo desenvolvimento da cidade. No ano de 2014, de acordo com a Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), cerca de 46% dos empregos ativos no município eram originados de setores que possuem ligação direta ou indireta com a madeira. Com relação ao nosso Produto Interno Bruto(PIB), a extração de madeira proveniente do plantio de reflorestamento de pinus é uma das atividades que mais gera receitas.

Tais dados demonstram a tamanha importância do setor madeireiro para nossa cidade. Ponte Alta do Norte ocupa, atualmente, o segundo lugar como município com maior área ocupada com o reflorestamento, cerca de 39 mil hectares. O problema é que o pinus é uma espécie exótica e ao ser plantado, ocupa áreas antes ocupadas por espécies nativas provenientes da Mata Atlântica. O consumo excessivo de madeira nas últimas décadas fez com que grandes matas nativas fossem derrubadas para dar espaço aos reflorestamentos de pinus, os quais sustentam a indústria madeireira.

No entanto, nem todas as pessoas reconhecem esta cultura como o carro chefe da economia da cidade. Muito pelo contrário, o mesmo é visto como empecilho para o desenvolvimento do município, principalmente pela grande extensão territorial que ocupam. Agricultores são extremamente contrários a manutenção das florestas plantadas, visto que, as áreas destinadas ao cultivo de feijão, milho soja - por exemplo - apresentam menor proporção e são, geralmente, aquelas que sobram dos reflorestamentos. Além disso, áreas próximas ou herdadas do plantio de pinus acabam ficando degradadas, uma vez que esta cultura absorve os nutrientes do solo, dificultando o plantio de outras culturas.

Mas e se não fosse o pinus? O que seria de nossa cidade? Quantos pais de família trazem o sustento para sua casa trabalhando em serrarias e laminadoras? E se não fossem as laminadoras? E se não fosse as serrarias? O que seria de nós, nortepontealtenses?

Penso, que não podemos ignorar a contribuição do plantio do pinus para o desenvolvimento econômico de Ponte Alta do Norte. Afinal, é desse setor que sai o emprego e a renda de nossa população e consequentemente, o giro do nosso comércio - a mola propulsora do progresso de um município.

Vale destacar ainda, que toda a monocultura causa danos ao solo e ao meio ambiente, não apenas o pinus. A questão aqui, é o planejamento de uma rotatividade de culturas incluindo dessa forma, os agricultores que não veem o reflorestamento de pinus em nossa cidade com bons olhos - e possibilitando, a regeneração do solo entre uma cultura e outra.


Diante de tudo isso, posso afirmar, com convicção, que é necessário buscar novas oportunidades de emprego para os nortepontealtenses, bem como alternativas viáveis à produtividades da lavoura e o equilíbrio ambiental, mas de forma alguma devemos ignorar que as florestas plantadas atualmente no município, embora estáticas, sejam o impulso para o nosso desenvolvimento. Aliando-se a esse potencial uma gestão pública comprometida, pode-se ver uma luz no fim do túnel para um município, que é visto por muitos como sem perspectivas para o futuro. A realidade é uma só: por mais que não se possa "comer madeira", é ela que garante o sustento para grande parte das famílias de Ponte Alta do Norte.

Artigo de Opinião escrito pelo aluno Willian Mauricio Sozo - Semifinalista da Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro 2016 - sob a orientação do professor Elizeu Domingos Tomasi.




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