Durante minha infância, eu não tive um contato direto com livros, o que não significou que não tive contato com a leitura. Minha família não foi muito ligada a livros, mas meu pai era caminhoneiro e sempre que possível viajava com ele dentro da minha região e até mesmo fora do estado e foi nessas viagens que a leitura entrou em minha vida. Durante o percurso, meu pai me estimulava a compreender as placas de trânsito e placas de anúncios de lojas(outdoors), assim a leitura de texto não-verbal foi o primeiro meio de leitura que tive contato. Já em casa, foi a minha avó materna quem me apresentou ao fantástico mundo da leitura, por meio dos tradicionais causos e lendas das avós e das histórias bíblicas que ela carinhosamente contava para mim, meus irmãos e primos.
Ao entrar no colégio é que fui deveras enfeitiçado pela magia do livro. Uma imagem que não mais saiu da minha cabeça, foi a de minha professora da pré-escola nos lendo “A casa Sonolenta” de Audrey Wood. Ela parecia uma fada com sua varinha de condão capaz de ali, naquele momento realizar todos nossos sonhos infantis. Em seguida, vieram “Vaca Rebeca”, e os contos tradicionais, no entanto, foi “O Boto cor-de-rosa” o primeiro livro que “li” - coloco entre aspas, pois na verdade não aprendi a lê-lo e sim acabei decorando de tanto fazer todo mundo ler para mim – eu sentava atrás do fogão a lenha e lá passava longas horas lendo a história do boto. Quando de fato aprendi a ler, foi o já citado “Casa Sonolenta” que tive vontade de ler de primeiro junto com ele, outros livros como “As Aventuras Bruxa Onilda”, a coleção “Quem tem Medo”... que, de fato me iniciaram no mundo da leitura de livros. E não posso deixar da mencionar a inesquecível “Série Vagalume” e “Novos Papos”, que fizeram parte da minha formação leitura entre quarta e a oitava série.
Minha entrada no ensino médio foi acompanhada pela preocupação com o vestibular. Junto com essa preocupação, veio a necessidade de conhecer o a literatura brasileira. O anfitrião deste meu encontro com a nossa literatura foi o mestre Machado de Assis por meio do dilema de Bentinho em Dom Casmurro. Fui seduzido por dita Gabriela cravo e canela de Jorge Amado. E foi a realidade do Cortiço que me abril os olhos para a questão da urbanização brasileira levando-me a criar um projeto de urbanização de um bairro de minha cidade. É, foi com a “petulância crítica” da boneca Emília, que aprendi a ser contestador e observador. O que dizer da saga de Fabiano e sua família em Vidas Secas, e a Morte e Vida Severina duas realidades claras do nosso Brasil. É foi viajando por nossa literatura que tive a certeza do que eu queria fazer: eu queria era mergulhar nesse mundo de palavras. Não restava dúvida alguma, eu queria é conhecer a nossa Língua Portuguesa; então, seria Letras na cabeça!
E assim foi feito! Em 2005 me formei no ensino médio e prestei vestibular para o curso de Letras Trilíngue na Universidade do Contestado. Cursei dois anos e logo comecei a lecionar Língua Portuguesa e Literatura, foi quando foi documentado que eu realmente havia acertado na minha escolha. Acontece, que minha relação com a Língua Inglesa (exigência no currículo) não foi muito agradável e acabei desistindo do curso, assim passei a cursar Letras pela UFSC onde era apenas Português e Literatura. Nesse período, conheci a Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro e com ela as sequências didáticas e o trabalho com os gêneros textuais. Nos últimos dois anos me dediquei ao estudo de gêneros e do trabalho com as sequências didáticas, o que o que foi de suma importância para a minha prática pedagógica. Não deixei de lado a Literatura, continuo apaixonado por ela. Conheci a obra de William Roberto Cereja que abriu meus horizontes no ensino da literatura. Assim, no âmbito profissional minhas leituras estão relacionadas ao ensino de Língua Portuguesa e à prática pedagógica. No entanto, minha leitura não se resume ao meu trabalho. Tenho prazer em ler e com a leitura, a música, e o teatro (outra paixão), que passo minhas poucas horas livres.
Enfim, hoje, como um acadêmico da Universidade Federal de Santa Catarina, eu espero aperfeiçoar meus conhecimentos sobre a Língua Portuguesa, encontrar novas fontes de leitura e compartilhar experiências. Acredito, que no curso de Letras da UFSC muito além de me oferecer um diploma de licenciado em Língua Portuguesa (uma necessidade para mim) eu encontrarei leituras concretas e consequentemente, conhecimento significativo para a minha formação como professor e também, para o aperfeiçoamento da minha capacidade de leitura e escrita.
Nenhum comentário:
Postar um comentário