terça-feira, 19 de outubro de 2010

É a Vida

Estive meio desmotivado alguns dias! Aponto,  de querer jogar tudo para o ar e querer ir vender coco na Bahia. Mas a vida é assim... Um dia agente vem o outro vai embora... Ai, estive acompanhando o grupo da professora Mari no festival Mario de Andrade em Itá - SC, onde vi o quanto nossos alunos são maravilhosos e radiantes. Lá, me diverti um monte, mesmo tendo que ficar até as 03:30 da madrugada acordado ouvindo as bobeiras do Lucas, do Luiz, do Alisson e do Bruno. Mas não para ai! Voltamos para Santa e tivemos uma semana de dois dias apenas e num desses dois dias (na quarta) um telefonema inesperado interrompe minha aula de Espanhol. A melhor notícia do ano nossa Escola foi destaque na Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro com o texto da Gisele (já publicado aqui no blog), no gênero Memórias Literárias. Vamos representar o estado de Santa Catarina na fase Regional do Concurso em Belo Horizonte MG. Pense só, texto selecionado (entre 600 textos), VIAGEM (de avião) à BH, passeios (tudo pago)... Não é para ficar SUPER-HIPER-MEGA-ULTA-POWER motivado!?
 Eu amo o que faço e a galerinha com quem trabalho (professores e alunos) e depois de tudo isso só me resta  começar a planejar nosso FELIZ 2011! Viva EEB Irmã Irene, a escola mais EXITOSA da 11° GERED - Curitibanos.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

PEÇA QUAL É SUA TRIBO?

CENA I
Quando começar a letra da música “Metamorfose ambulante”, TIAGO entre; de calça jeans e camiseta do colégio ouvindo a música no MP4 (a plateia tem a musica como fundo) tira o computador da mochila e o liga. Tira os fones do ouvido (parando a música quando repete o verso do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo..”) e começa se apresentar como se estivesse conversando com a plateia.
TIAGO: Bem para quem não me conhece eu sou TIAGO, eu tenho quinze anos e estudo aqui no colégio desde que eu era um pirralho. Eu gosto de esporte, futebol, skate... gosto de sair com a turma, bater um papo. Gosto de navegar na net, deixar, meu perfil sempre atualizado. Afinal, a gente nunca sabe quando um desses anjos virtuais vai dar uma espiadinha em nosso Orkut né! E é claro gosto também de curtir um sonzinho... Volta a colocar os fones (continua a música, TIAGO vai até a mesa sob o som da música navega na internet por alguns segundos. Retira os fones (para a música no verso “sobre o que eu nem sei que sou”) e da mesa onde está continua conversando com a plateia. É eu acho que sou um adolescente normal! Ou não? Sou muito feliz assim do jeito que sou, mas outro dia na aula, um professor chegou para mim e perguntou: “Qual é sua tribo?”. Confesso que entendi bolhufas do que ele estava falando e perguntei se ele estava me achando com cara de índio. Levanta-se e vai até a plateia, escolhe alguém da plateia e começa a falar como se estivessem conversando. É, mas imagina cara, se eu chegasse para você e do nada perguntasse “qual é sua tribo?”. Alguém por sinal aqui tem uma tribo? Eu, sei que eu não tenho tribo e acho que “o cabeça” do meu professor viajou total com essa pergunta. Volta-se para o centro do palco indo novamente em direção a mesa e continua conversando com a plateia e mexendo em seu computador. É só que o professor não gostou nada da pergunta que eu fiz e mandou toda a turma fazer um trabalho sinistro sobre as tais tribos. E caraca!Que viagem! Esqueci total eu marquei com a turma de fazermos o tal trabalho. É quem sabe agora eu descubra qual é a minha tribo. Dá uma pausa de alguns segundos. Para a plateia. Galera, tenho que ir nessa. Coloca os fones, volta a música voltando a música. Arruma o computador na mochila e sai apressado. Fui!!!! TIAGO sai continua a música até a próxima cena.

CENA II
Para a música no verso eu sou um ator...” e entra Helio, o pai de TIAGO com um jornal e um copo, falando direto com a plateia. Deixa o copo e o jornal na mesa e volta-se para o centro.
HÉLIO: Mudanças estranhas estão acontecendo com TIAGO. Até há algum tempo, ele só andava de bermuda e jogava bola o dia inteiro. Nunca ia à festas, não dançava e sua principal diversão era assistir uns tais Dragonball-Z – eu achava meio violento, mas pelo menos ele estava sempre em casa. TIAGO não ligava para roupa. Jamais se preocupou com o aniversário de ninguém. Banho? Só na base de muita ameaça. Telefone? Podia ficar o dia todo tocando ao lado dele e ele nem aí. É, mas de uns tempos pra cá, tudo mudou...(volta a música, Hélio vai até a mesa e folheia o jornal) (Para a música quando repete o verso “do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo”) Nessa semana, em pleno jogão da seleção, TIAGO estava lá na janela, com o olhar perdido em algum ponto do horizonte... Banho agora é o contrário: tenho que vigiar para ele não tomar tantos, que é pra não gastar, ou sei lá, quem sabe desbotar a pele do menino; é banho de manhã, é na hora de ir para o colégio, é a noite... Se o telefone toca, saí da frente! Lá vai o TIAGO derrubando quem ou o que encontra pela frente para atender o telefone antes de qualquer um.

CENA III
Continua a música, Hélio volta a ler o jornal. Entra TIAGO de calça jeans e camiseta do colégio ouvindo a música “Metamorfose Ambulante” no MP4 (a plateia tem a musica como fundo) ele está com a mochila tira os fones do ouvido (parando a música no primeiro “eu sou um ator.....
TIAGO: Com voz de quem precisa pedir algo, mas não quer contar tudo. Olha para o chão tentando disfarçar. Meu pai, eu queria comprar uma camisa preta para ir a uma festa aí e tal...
HÈLIO:O que rapaz?
TIAGO: Sabe o que é pai, é uma festa e todo mundo tem que ir de preto!
HÉLIO: Festa? E desde quando você vai à festa?
TIAGO:Não, é que... murmura alguns sons sem deixar entender o nome da pessoa ... me convidou para o aniversário dela.
HÉLIO: Quem?
TIAGO: Murmura novamente alguns sons sem deixar entender o nome da pessoa
HÉLIO: Fala direito cara!
TIAGO: Poxa pai é o aniversário de “uma colega” e eu tenho que ir!
HÉLIO: Ah bem! Que legal, e aí?
TIAGO: É que eu vou dançar com ela e tenho que ir de preto, e eu não tenho uma camiseta preta.
HÉLIO: Você? Dançar? Roupa? Meu filho você tá com algum problema?
TIAGO: Ih pai, lá vem você com suas teorias! Eu só quero uma camiseta preta e pronto! Tem algum problema nisso?
HÉLIO: Não, todo bem! Mas fale mais sobre essa “sua colega”. Como ela é? Ela é assim, como vocês dizem hoje, “gatinha”? Puxa uma cadeira para TIAGO convidando-o para uma conversa. TIAGO senta-se contra sua vontade.
TIAGO: É!
HÉLIO: E vocês...?
TIAGO: E aí pai vai rolar a camiseta preta?
HÉLIO: É sim até pode ser, mas vem cá! Você e esta “sua colega”, vocês tão... como vocês dizem, ficando?

Toca o telefone TIAGO sai correndo sem responder derrubando o copo que havia sobre a mesa no jornal. Volta novamente por algum tempo a música Helio arruma o jornal e junta o copo. Quando repete pela segunda vez o verso “do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo” vai baixando a música
HÉLIO: quando para a música. É e mais uma vez sem resposta! Tem sido sempre assim. Mas sabem o que é isso? É a turma! Eu também já tive uma turma, ou melhor, já fiz parte de uma turma; e sei como é importante, na idade de TIAGO, essa entidade – a turma. A gente é um ser racional, menos quando em turma! Hoje eu fico me perguntando: existe alguma razão para um grupo de pessoas sentar todos os dias numa escadaria ou num meio-fio e passar horas e horas conversando? É, se eu falo para o TIAGO que refrigerante engorda e chocolate dá espinha, ele nem ouve, mas se a turma resolver, ele passará a tomar água com limão e pegará nojo à chocolates. Eu posso dizer que Bossa Nova é bom e mostrar jornais e revistas, provar que só “ A Garota de Ipanema” já recebeu centenas gravações em todo o mundo, mas ele aumentará o volume do rock pauleira ou do funck pesado. Isso, até o dia que alguém da turma aparecer com uma música de MPB no celular e ele trocará Akon ou NX0 por Tom Jobim de um dia para o outro. A turma em moda própria. Quando resolvem, todos arregaçam as barras das calças que usavam arrastando no chão. A turma se traumatiza; como quando o namoradinho de uma se apaixona pela namoradinha do outra... A “galerinha” tem um idioma próprio, que ninguém entende; a não ser eles é claro! A turma tem duplas de amigos e amigas mais chegados,que numa grande mistura formam uma festa de aniversário, onde ninguém dança até que alguém da turma comece dançar; aí todos dançam trocando de par até acabarem dançando todos juntos , como a turma que são... Um da turma se tatua todos da turma querem se tatuar. Se um bota uma argola no nariz, os outros, para variar, botam no lábio, na sobrancelha, na orelha, ou onde mais imaginar que ficaria sinistro... A turma chama, reprime, liberta, revela, maltrata, orgulha, a turma te ama e te envolve, te afasta e te atrai. A turma é isso aí, cara, uma reunião diária de espinhas e inquietações, habilidades e temperamentos – o baralho das personalidades se misturando - o jogo das informações e dos sentimentos rolando nas conversas sem fim, nas andanças sem cansaço, nas músicas compartilhadas, no refri com três canudos e uma empadinha para quatro. Sim por que na turma o milagre acontece: o pouco dá para todos, todo mundo divide,cada um contribui, a turma se une partilhando e repartindo. É assim, porque a turma é a turma! É mas um dia cansamos da turma – ou a turma cansa de nós - aí passamos a ser gente, nós por nós mesmos. Crescemos, viramos adultos e o nosso tempo de turma passa e deixa muita, mas muita saudade.
Hélio fica um pouco pensativo, lembrando de sua turma, arruma as cadeiras no canto pega seu copo e seu jornal quando inicia a próxima música Helio sai do palco que fica por alguns segundos vazio
CENA IV

HELENA Garotos! Nos primeiros anos de sua vida, você brinca com garotos, sem dar atenção ao fato de eles serem GA – RO – TOS! Então você cresce um pouco e começa acha-los chatos e irritantes. Ai chega algo chamado de A – DO – LES – CEN – CIA e – surpresa! - Você começa a se interessar por eles. É, simplesmente acontece. Sua melhor amiga arrumou um namorado e não para de falar nele. E o pior: ela está gostando dele. Aos poucos, todas as suas amigas estão curtindo com seus gatinhos e eles já fazem parte de sua turma. E você lá sem ninguém sozinha! Aí você conversa com sua melhor amiga que lhe aconselha dar uma festa, tá chegando seu aniversário e você convida aquele gatinho que fica te olhando, que escreve poesias... Você se enche de uma coragem que não sabe de onde vem e vai lá e o convida para dançar contigo na festa. Ele diz que vem! Você fica contando os segundos para a festa e quando chega, cadê ele? Isso acaba com qualquer garota! O que vou fazer? Ele já devia estar aqui. Péssima ideia essa de dar uma festa ele não quer nada comigo, com certeza tem outros agitos por aí. Eu fui uma boba mesmo pensando que ele viria na festa, dançaria comigo, ficaríamos juntinhos a noite toda, rolaria um beijo e quem sabe poderia chegar amanhã no colégio feliz da vida e dizer para todas minhas amigas EU ES – TOU NA – MO – RAN – DO. (pausa) É, mas parece que eu estou longe de realizar esse meu sonho, ele infelizmente não veio. (vai saindo decepcionada e encontra TIAGO )
HELENA: você veio!
TIAGO: Claro afinal foi você quem me convidou, eu não poderia furar com você não é Helena!
HELENA: Sabia que poderia em confiar em você. Afinal são poucos os garotos assim hoje em dia! Ah! Já ia esquecendo, desculpa ter demorado para entregar suas poesias.
TIAGO: Tranquilo, sem crise Helena.
HELENA: Você sabe por que eu demorei? Eu estava copiando.
TIAGO: Sério? Você gostou delas!
HELENA: nossa cara elas são demais! Meu e aquela, como que é... ando... ando...
TIAGO: qual essa, que fiz especialmente para você, que é mais ou menos assim....(inicia a dança)

CENA V
O palco fica vazio por alguns segundos ao som do restante da música Palavras pequenas. Entra TIAGO de calça jeans e camiseta do colégio ouvindo a música “Palavras pequenas no MP4 (a plateia tem a musica como fundo) ele está com a mochila deixa-a sobre a mesa retira o computador da mochila tira os fones do ouvido (parando a música) e começa falar mexendo no computador.
TIAGO: Bem aqui está o trabalho – Qual é sua tribo? - prontinho é só apresentarmos ao professor. Oras, qual é minha tribo?! Sou adolescente, pertenço a tribo dos semi-deuses guerreiros. Sou da tribo dos que parecem não ter medo de nada. Não temos medo da velocidade, na falsa certeza de que somos invulneráveis. Não temos medo das drogas na firme e utópica certeza de que nenhum mal nos atingirá. E cometemos o irreparável erro de não termos medo do sexo e assim vamos gozando de seus prazeres sem nenhuma proteção. É, para quem nos vê de fora parece que não temos medo nem mesmo da morte. Mas há sim algo de que temos muito medo – da solidão. Nós não conseguimos ficar sozinhos nem conosco mesmo. A solidão nos deprime! E é por isso que não desgrudamos do telefone, não saímos da internet; estamos sempre em grupo, em turma. A turma é feita de algo que o mundo precisa muito; igualdade. Na turma, nos identificamos, somos todos iguais. Parecemos sim semi-deuses, mas temos sim tristezas e para espantá-las fazemos festas, ouvimos músicas alto. Tudo para espantar um terrível medo que temos, o medo de ficarmos adulto, pois ficar adulto é encontrar a solidão e nós da tribo pujante dos adolescentes definitivamente detestamos a SOLIDÃO, pois sabemos que nossos 15, 20, ou 25 anos vão passar e mais depressa do que imaginamos e não queremos per der tempo sofrendo. Nada importa, queremos aproveitar a vida a cada segundo. Não importa se o dinheiro está curto, se foi abandonado pela namorada, se o futuro é incerto. Certo ou incerto para nós, o que importa é que há um futuro e o que queremos, é aproveitar a vida pois quando esse futuro chegar a única coisa que não queremos dizer é “Eu não aproveitei a minha vida.

GRUPO REPRESENTAR TEATRO AMADOR - EEB IRMÃ IRENE
TEXTO E DIREÇÃO: Elizeu Domingos Tomasi
COREOGRAFIA: Marinei Pedon
SONOPLASTIA: Osmar Chaves
ELENCO: Tiago Cambrussi
                  Weligton Lucas Baschera
                  Angelis Manuele Taques Schumacher